quinta-feira, junho 30, 2011

FIC - That Day

“Já estava na última música do show, That Day estava emocionando a todos, eu poderia afirmar com toda a certeza que todos no local, todos sem exceção estavam chorando.”





     Nada mais fazia sentido na minha vida, a imagem deles em cima daquele palco era a imagem que eu via em todos os lugares. A maneira que eles dançavam, cantavam, tocavam, sorriam para o publico ficou na minha mente por tanto tempo que eu já não sabia em que dia estávamos, nem mês, nem hora... Nada. Sabia que muito tempo tinha passado, mais só sei disso porque me lembro de todos os dias que minha mãe entrava no meu quarto e me encarava com pena, e tentava me animar, falando que estariam do meu lado independentes do que acontecesse.
     Vocês não devem estar entendendo nada né? Pois bem, vou lhes explicar exatamente o que aconteceu.  Chamo-me Giovanna White, tenho 17 anos e estava realizando meu sonho. Esqueci de dizer, sou apaixonada pela banda Tokio Hotel e eles viriam fazer um único show no Brasil e eu certamente não iria perder. Após comprar meu ingresso passei há contar os dias para a chegada do show, cada dia que passava uma emoção diferente tomava conta do meu corpo. Quando o dia do show finalmente tinha chegado, nem dormi. Passei a madrugada e o dia na fila, esperando pegar um bom lugar para quem sabe eles pudessem me notar, para que ele pudesse me notar. Sonho de fã? Talvez. Mas quem disse que é proibido sonhar?
     Já estava na ultima musica do show, That Day estava emocionando a todos, eu poderia afirmar com toda a certeza que todos no local, todos sem exceção estavam chorando. Eu não tinha mais forças para gritar, para deixar meus braços erguidos segurando o cartaz, eu não tinha mais forças para nada. A cada nota tocada mais minhas forças iam embora, a cada nota tocada a realidade me dava tapas na cara me mostrando que dentro de poucos minutos os quatro meninos que eu mais amava os quatro meninos por qual eu daria a vida iriam embora e eu tinha plena consciência que não os veria mais.
     Não porque eles não voltariam para o Brasil, não porque eu não conseguiria mais ir a um show. Apenas pelo fato de saber que eu não resistiria perder eles. Sim, perder. Eles estavam tão perto, a poucos metros de mim. E os sentia em minhas mãos, mais antes que eu pudesse gritar, antes que eu pudesse escutar a ultima nota da musica, antes que eu pudesse ver eles se despedindo... Antes do fim do show, eu apenas não vi mais nada. Além de tudo preto, e uma dor muito forte na minha cabeça. Depois disso não me lembro de mais nada.
     Acordei em uma cama de hospital, com tubos e agulhas em todo o meu corpo. O barulho irritante dos meus batimentos cardíacos estava me dando desespero, eles não podiam aumentar, eles tinham que diminuir. Eles tinham que parar. Assim que fechei meus olhos para tentar me livrar daquele som, flashes do que aconteceu tomou conta da minha memória. A fila, as risadas, os gritos, a primeira musica, o sorriso deles, o anuncio da ultima musica, os últimos acordes de That Day, eu desesperada, depois mais nada. Abri os olhos novamente respirando fundo, numa tentativa de sumir daquele lugar que estava me deixando claustrofóbica, arranquei todos os tubos e agulhas do meu corpo, e me levantei sentindo o chão gelado abaixo dos meus pés. Todo o quarto girou me segurei na cama tentando me manter em pé, e antes que pudesse pensar em alguma coisa, antes que pudesse me equilibrar senti meu corpo indo de encontro com o chão, mais uma vez.
    Ouvia a voz dos meus pais, mais estavam tão longe, estaria eu sonhando? As vozes foram ficando mais próxima, e eu pude ouvir uma voz que nunca pensei escutar tão perto. Abri os olhos rapidamente, mas me xingando por tê-lo feito já que a claridade do quarto cortou meus olhos sem dó, porém eu os obriguei a ficarem abertos, eu queria ver aqueles quatro pares de olhos, queria acreditar que era real, queria acreditar que eu não estava mais uma vez sonhando.
    Escutei papai falando alguma coisa, e eu só soube concordar. Meu Deus. Bill, Gustav, Tom e Georg estavam na minha frente, sorrindo pra mim e eu só sabia pensar em o quanto eu deveria estar ridícula com aquela camisola de hospital. Sentei-me rapidamente enquanto passava as mãos pelos meus cabelos, logo os encarei novamente e estiquei minha mão na intenção de cumprimentá-los, e para minha surpresa Tom soltou uma gargalhada gostosa e foi acompanhado pelos outros meninos, e antes que eu pudesse falar algo ele me abraçou. O que eu senti naquele momento eu não sei descrever, nenhuma palavra descreveria o turbilhão de sentimentos que estava sentindo e logo que ele me soltou os outros meninos também me abraçaram. Já sentia minhas lagrimas queimando meu rosto, e uma mão grande e um pouco áspera as enxugou, sorri. Gustav realmente era tão fofo quanto eu imaginei.
     Explicaram-me tudo que aconteceu, eu tive uma queda de pressão e desmaiei, acabei batendo minha cabeça com força na grade de proteção o que me resultou em duas semanas desacordada. O que eles estavam fazendo ali, no quarto de hospital de uma fã qualquer? Segundo Gustav e Bill, o Tom ficou tão preocupado comigo que cancelou os shows que fariam nos dias seguintes, disse que não sairia do Brasil até eu acordar e o porque disso? Segundo eles, ele falou que eu era diferente e que ele tinha me observado o show inteiro. Tom é claro que negou com a face totalmente vermelha. Conversamos pelo resto da tarde, e por uma boa parte da noite. Contei como os conheci, os apelidos que colocava neles, minhas musicas preferidas... Eles me olhavam como se isso fosse a coisa mais incrível do mundo. Mais como nada que é bom dura para sempre eles teriam que ir embora agora que acordei, Jost estava com os nervos à flor da pele, a ponto de matá-los e empalhá-los. Segundo o exagerado Georg é claro. Trocamos e-mail e telefone, mais duvido muito que um dia voltaremos a conversar.
     Estou no meu quarto há algumas semanas, ainda não me conformo com tudo que aconteceu. Não acredito que não fui capaz de impedi-los de ir embora, não acredito que eu os perdi. Meu telefone nunca tocou, olhava meu e-mail todos os dias pelas primeiras duas semanas e ele continuava apenas com as propagandas de alguns sites que eu era registrada. Mais uma vez ligo o notebook e acesso meu e-mail, seria a ultima vez. Se não tivesse um e-mail de qualquer um deles eu simplesmente iria esquecê-los, eu tinha decidido isso e não mudaria minha opinião, eu precisava voltar a viver.
    Meu rosto ganhou um sorriso tão grande que achei que minha boca iria rasgar, estava ali na minha caixa de e-mail... Eles tinham se lembrado de mim, ele tinha se lembrado. Li atenciosamente tudo que Tom falava no e-mail, dos meus olhos lágrimas já caiam, mas do meu rosto o sorriso não iria sumir. Ele se lembrava e se preocupava comigo, isso era o suficiente. Era o suficiente para eu esperá-lo, como ele me pediu no e-mail.
Eu esperaria, esperaria o tempo que fosse preciso, porque eu tinha certeza que o nosso dia iria chegar.


The End

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